10 de janeiro de 2007

Coqueiral em Cruz das Almas vira depósito de entulhos

Famoso por atrair casais de namorados e por possuir traços de uma beleza ainda nativa, o trecho de coqueirais compreendido entre o Betos Bar e o Hotel Costa dos Corais, na Cruz das Almas se transformou em um imenso depósito de entulhos a beira–mar.
Os barraqueiros da praia de Cruz das Almas acusam a Prefeitura de Maceió e as construtoras do ato criminoso.
Os entulhos já ocupam totalmente o local, que há alguns meses servia de estacionamento e de via pública para o passeio de pedestres e veículos.
Para trafegar pelo local é preciso desviar de entulhos de todas as espécies e lixo depositado pelos moradores próximos ao local. “A ousadia deles é enorme, ao ponto de despejarem restos de construções na areia da praia. Trabalho aqui há seis anos. Não vou mentir que o terreno sempre foi alvo de entulhos. Mas, o problema aumentou quando Cícero Almeida assumiu a prefeitura. Em apenas dois meses a quantidade de lixo triplicou. Nunca tinha visto isso antes”, conta Amaro Francisco do Nascimento.
Segundo ele, vários barraqueiros inclusive o seu filho já procuraram diversas vezes a Superintendência Municipal de Convívio Urbano (SMCCU) para denunciar o ato, mas todos fizeram ‘vista grossa’ ao assunto.
“Na verdade é muito cômodo para eles jogarem entulhos e lixo aqui. O irônico é que o lixão fica a alguns metros de distância”, desabafa.
De acordo com a autônoma e moradora das redondezas, Cláudia Silva, é muito comum ver os caminhões a serviço da SMCCU depositando entulhos na localidade.
“Eles fazem isso a qualquer hora do dia e a céu aberto, ou seja, na frente de todos, sem esconder nada de ninguém. Só não vê quem não quer. Muitas vezes os motoristas dos caminhões aproveitam para tirar uma soneca após realizarem ‘o trabalho sujo’, disse. O ato geralmente acontece no início da manhã ou da tarde. Onde estão as autoridades responsáveis? Como a SMCCU pode permitir tamanha agressão ao meio ambiente e às pessoas, pois o local é utilizado para prática do cooper pelos moradores, inclusive por mim. Pior, é a própria prefeitura que pratica e permite esse tipo de agressão. Não estou especulando e várias pessoas vêem isso todos os dias”, denuncia.
Os entulhos jogados ao ar livre atraem ratos, baratas e escorpiões, colocando em risco a saúde dos moradores e dos que trafegam ou freqüentam aquele trecho da praia. Alguns barraqueiros, como Francisco, tentam limpar a sujeira, mas o volume depositado é sempre maior do que o retirado. “Essa semana mesmo precisei dar R$ 60 para um rapaz limpar a área em frente à minha barraca. Os clientes reclamam do mau cheiro e dos insetos. E agora não conseguem ficar mais à vontade na areia da praia por causa dos entulhos jogados nela. É algo muito nojento. Não sabemos mais o que fazer e a quem reclamar”, lamenta.
“Estamos perdendo clientes”, diz outro barraqueiro que quis se identificar apenas como Zé. Segundo ele, a área dos coqueirais pertence a cinco proprietários. “São cinco terrenos. Ouvi dizer que o recentemente murado pertence ao deputado João Lyra; o outro seria do deputado Francisco Melo. Um terceiro pertenceria à construtora e os demais eu não sei”, especula.
A reportagem da Tribuna de Alagoas tentou contato durante todo o domingo com o diretor da SMCCU, Ednaldo Marques, o diretor de fiscalização Claudionor Araújo e outro dirigente daquele órgão, mas todos os celulares estavam desligados ou não completavam a ligação.

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10 de janeiro de 2007

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